sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Evangelho no Lar - Como fazer? Tirando suas dúvidas!


Como fazer o culto do evangelho no lar?
O que o Evangelho no Lar pode trazer de bom para a minha casa?
O Evangelho no Lar afasta os maus espíritos?
Quantas vezes por semana devo fazer o Evangelho no lar?
Quantas pessoas são necessárias para realizar o Culto do Evangelho?
Qual a importância da água no Evangelho no lar?
Todas estas perguntas são respondidas neste video de orientação para aqueles que desejam fazer o Culto do Evangelho no lar e ainda não sabem como fazê-lo.

Além disso, semanalmente em nossos sites www.psicografiasdeamor.blogspot.com ou www.evangelhonolar2012.blogspot.com , assim como no FACEBOOK (grupos "psicografias de amor" e "Evangelho no Lar 2012") estaremos fazendo o estudo de cada capítulo do Evangelho segundo o Espiritismo, afim de auxiliar nos estudos do mesmo e sermos semeadores de Jesus nos seus ensinamentos e principalmente na sua prática.
Muita paz a todos e bom estudo!





Acrescentamos alguns textos no qual mencionamos neste vídeo, afim de facilitar os irmãos nas leituras e estudos.

Modelo sugerido para um Culto do Evangelho no Lar com duração de 30 minutos:



Obs: Parte do tempo de 22 minutos para leitura e comentários pode ser também utilizado para preces e vibrações em favor de pessoas queridas.

Entendendo sobre os efeitos da água fluidificada


O Espiritismo é CIÊNCIA, FILOSOFIA e RELIGIÃO, sendo assim, devemos levar em consideração os 3 aspectos onde naturalmente um vem a confirmar o outro.

Nos aspectos religioso e filosófico, os espíritos já nos informavam sobre o poder das águas quando fluidificadas (energizadas). 

Allan Kardec, no livro A Gênese, afirma: “as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.”

E no aspecto científico, vemos a confirmação pelo cientista japonês Masaru Emoto, com experiências fotografando cristais de água.

Basicamente, podemos dizer que as moléculas de água são sensíveis ao som, aos nossos pensamentos, palavras, ao trato e à energia que transmitimos a elas. As experiências consistiram em submeter alguns recipientes com água a várias situações: em algumas delas, a água ficou ao som de diferentes músicas; em outras, simplesmente foram coladas nos vidros palavras que remetiam a coisas boas ou ruins; em outros casos, pessoas diziam coisas como “obrigado” e “seu idiota” ao recipiente de água, e assim por diante. Depois da exposição, a água foi congelada e fotografada.

Surpreendente é o resultado! Quando o sentimento envolvido é ruim, a energia é negativa e a palavra é de ofensa, a água não forma cristais, mas fica “abalada”, “quebrada”, disforme. Mas quando se trata de palavras de carinho, sentimentos bons e boas energias, a água forma lindíssimos cristais, com um formato diferente para cada situação.

Se nosso organismo é feito de 70% de água, será provável que estejamos imunes a esses efeitos? Se vivemos em um “planeta água”, será que nossa energia não é propagada? Vale a pena parar, pensar e refletir em que podemos mudar para nos melhorarmos cada vez mais.

E, finalizando, seguem os capítulos 35,36 e 37 do livro MENSAGEIROS, de André Luiz, com a narração do que acontece durante o Culto do Evangelho no Lar, na visão do lado de lá.

35
Culto doméstico
Nas primeiras horas da noite, Dona Isabel abandonou a agulha e convidou
os filhinhos para o culto doméstico.
Notando o interesse que me despertavam as crianças, Aniceto explicou:
— As meninas são entidades amigas de “Nosso Lar”, que vieram para
serviço espiritual e resgate necessário, na Terra. O mesmo, porém, não acontece ao pequeno, que procede de região inferior.
De fato, eu identificava perfeitamente a situação, O rapazola não se
revestia de substância luminosa e atendia ao convite materno, não como quem
se alegra, mas como quem obedece.
Com tamanha naturalidade se sentaram todos em torno da mesa, que
compreendi a antigüidade daquele abençoado costume familiar. A filha mais
velha, que atendia por Joaninha, trazia cadernos de anotações e recortes de
jornais.
A viúva sentou-se à cabeceira e, após meditar breves instantes,
recomendou à pequena Neli, de nove anos, fizesse a oração inicial do culto,
pedindo a Jesus o esclarecimento espiritual.
Todos os trabalhadores invisíveis sentaram-se, respeitosos. Isidoro e
alguns companheiros mais íntimos do casal permaneceram ao lado de Dona
Isabel, sendo quase todos vistos e ouvidos por ela.
Tão logo começou aquele serviço espiritual da família, as luzes ambientes
se tornaram muito mais intensas.
Profunda sensação de paz envolvia-me o coração.
A pequena Neli, em voz comovente, fêz a prece:
— Senhor, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos Céus. Se
está em vosso santo desígnio que recebamos mais luz, permiti, Senhor,
tenhamos bastante compreensão no trabalho evangélico! Dai-nos o pão da
alma, a água da vida eterna! Sede em nossos corações, agora e sempre.
Assim seja!...
Dona Isabel pediu à filha mais velha lesse uma página instrutiva e
consoladora e, em seguida, algum fato interessante do noticiário comum, ao
que Joaninha atendeu, lendo pequeno capitulo de um livro doutrinário sobre a
irreflexão, e um episódio triste de jornal leigo. A primogênita de Isidoro, que
revelava muita doçura e afabilidade, parecia impressionada. Tratava-se de uma
jovem de bairro distante, vitima de suicídio doloroso. O repórter gravara a cena
com característicos muito fortes. A leitora estava trêmula, sensibilizada.
Assim que Joaninha terminou, Dona Isabel abriu o Novo Testamento, como
se estivesse procedendo ao acaso, mas, em verdade, eu via que Isidoro, do
nosso plano, intervinha na operação, ajudando a focalizar o assunto da noite. A
seguir, fixou o olhar na página pequenina e falou:
— A mensagem-versículo de hoje, meus filhos, está no capítulo 13 do
Evangelho de São Mateus.
E lendo o versículo 31, fê-lo em voz alta:
— “Outra parábola lhes propôs, dizendo: — O Reino dos Céus é
semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu
campo.”
Observei, então, um fenômeno curioso. Um amigo espiritual, que reconheci
de nobilíssima condição, pelas vestes resplandecentes, colocou a destra sobre
a fronte da generosa viúva.
Antes que lhe perguntasse, Aniceto explicou em voz quase imperceptível:
— Aquele é o nosso irmão Fábio Aleto, que vai dar a interpretação
espiritual do texto lido. Os que estiverem nas mesmas condições dele, poderão
ouvir-lhe os pensamentos; mas, os que estiverem em zona mental inferior,
receberão os valores interpretativos, como acontece entre os encarnados, isto
é, teremos a luz espiritual do verbo de Fábio na tradução do verbo
materializado de Isabel.
Nosso mentor não poderia ser mais explícito. Em poucas palavras
fornecera-me a súmula da extensa lição.
Notei que a viúva de Isidoro entrara em profunda concentração por alguns
momentos, como se estivesse absorvendo a luz que a rodeava. Em seguida,
revelando extraordinária firmeza no olhar, iniciou o comentário:
- “Lemos hoje, meus filhos, uma página sobre a irreflexão e a notícia de um
suicídio em tristíssimas circunstâncias. Afirma o jornal que a jovem suicida se
matou por excessivo amor; entretanto, pelo que vimos aprendendo, estamos
certos de que ninguém comete erros por amar verdadeiramente. Os que
amam, de fato, são cultivadores da vida e nunca espalham a morte. A
pobrezinha estava doente, perturbada, irrefletida. Entregou-se à paixão que
confunde o raciocínio e rebaixa o sentimento. E nós sabemos que, da paixão
ao sofrimento, ou à morte, não é longa a distância. Lembremos, todavia, essa
amiga desconhecida, com um pensamento de simpatia fraternal. Que Jesus a
proteja nos caminhos novos. Não estamos examinando um ato, que ao Senhor
compete julgar, mas um fato, de cuja expressão devemos extrair o
ensinamento justo.
A mensagem evangélica desta noite assevera, pela palavra do nosso
Divino Mestre aos discípulos, que o reino dos céus é também “semelhante ao
grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu coração”. Devemos
ver, neste passo, meus filhos, a lição das coisas mínimas. A esfera carnal onde
vivemos está repleta de irreflexões de toda sorte. Raras criaturas começam a
refletir seriamente na vida e nos deveres, antes do leito da morte física. Não
devemos fixar o pensamento tão só nessa jovem que se suicidou em condições
tão dramáticas, ao nos referirmos aos ensinos de agora. Há homens e
mulheres, com maiores responsabilidades, em todos os bairros, que
evidenciam paixões nefastas e destruidoras no campo dos sentimentos, dos
negócios, das relações sociais. As mentes desequilibradas pela irreflexão
permanecem, neste mundo, quase por toda a parte. É que nos temos descuidado das coisas pequeninas. Grande é o oceano, minúscula é a gota, mas o
oceano não é senão a massa das gotas reunidas. Fala-nos o Mestre, em divino
simbolismo, da semente de mostarda. Recordemos que o campo do nosso
coração está cheio de ervas espinhosas, demorando, talvez, há muitos sé-
culos, em terrível esterilidade. Naturalmente, não deveremos esperar colheitas
milagrosas. É indispensável amanhar a terra e cuidar do plantio. A semente de
mostarda, a que se refere Jesus, constitui o gesto, a palavra, o pensamento da
criatura.
Há muitas pessoas que falam bastante em humildade, mas nunca revelam
um gesto de obediência. Jamais realizaremos a bondade, sem começarmos a
ser bons. Alguma coisa pequenina há de ser feita, antes de edificarmos as
grandes coisas, O Senhor ensinou, muitas vezes, que o reino dos céus está
dentro de nós. Ora, é portanto em nós mesmos que devemos desenvolver o
trabalho máximo de realização divina, sem o que não passaremos de grandes
irrefletidos. A floresta também começou de sementes minúsculas. E nós,
espiritualmente falando, temos vivido em densa floresta de males, criados por
nós mesmos, em razão da invigilância na escolha de sementes espirituais. A
palestra de uma hora, o pensamento de um dia, o gesto de um momento,
podem representar muito em nossas vidas. Tenhamos cuidado com as coisas
pequeninas e selecionemos os grãos de mostarda do reino dos céus.
Lembremos que Jesus nada ensinou em vão. Toda vez que “pegarmos” desses
grãos, consoante a Palavra Divina, semeando-os no campo íntimo, receberemos do Senhor todo o auxilio necessário. Conceder-nos-á a chuva das
bênçãos, o sol do amor eterno, a vitalidade sublime da esfera superior. Nossa
semeadura crescerá e, em breve tempo, atingiremos elevadas edificações.
Aprendamos, meus filhos, a ciência de começar, lembrando a bondade de
Jesus a cada instante. O Mestre não nos desampara, segue-nos
amorosamente, inspira-nos o coração. Tenhamos, sobretudo, confiança e
alegria!”
Reparei que Fábio retirou a mão da fronte da viúva e observei que ela
entrava a meditar, como quem sentira o afastamento da ideia em curso.
Havia grande comoção na assembleia invisível às crianças que, por sua
vez, também pareciam impressionadas.
Dona Isabel voltou a contemplar maternalmente os filhos, e falou:
— Procuremos, agora, conversar um pouco.


36
Mãe e filhos
No comentário evangélico, eu recolhia observações interessantes. Tal
como no caso de Ismália, quando lhe ouvíamos a sublime melodia, a interpretação de Fábio estava cheia de maravilhas espirituais que transcendiam à
capacidade receptiva de Dona Isabel. A viúva de Isidoro parecia deter tão
somente uma parte.
Desse modo, as crianças recebiam a lição de acordo com as possibilidades
mediúnicas da palavra materna, enquanto que a nós outros se propiciava o
ensinamento com maravilhoso conteúdo de beleza.
Sempre solícito, o instrutor esclareceu:
— Não se admirem do fenômeno! cada qual receberá a luz espiritual
conforme a própria capacidade. Há muitos companheiros nossos, aqui reunidos, que registram o comentário de Fábio com mais dificuldade que as
próprias crianças. Experimentam, ainda, grandes limitações.
Havia grande respeito em todos os desencarnados presentes.
Fábio Aleto sentou-se em plano superior, ao passo que Isidoro se
acomodava junto da esposa, no impulso afetivo do pai que se aproxima, solí-
cito, para a conversação carinhosa com os filhos bem-amados.
Nesse instante, a pequenina Marieta, que parecia haver atingido os sete
anos, aproveitando o momento de palavra livre, perguntou à mâezinha, em tom
comovedor:
— Mamãe, se Jesus é tão bom, porque estamos comendo só uma vez por
dia, aqui em casa? Na casa de Dona Fausta, eles fazem duas refeições,
almoçam e jantam. Neli me contou que no tempo de papai também fazíamos
assim, mas agora... Porque será?
A viúva esboçou um sorriso algo triste e falou:
— Ora, Marieta, você vive muito impressionada com essa questão. Não
devemos, filhinha, subordinar todos os pensamentos às necessidades do
estômago. Há quanto tempo estamos tomando nossa refeição diária e gozando
boa saúde? Quanto benefício estaremos colhendo com esta frugalidade de
alimentação?
Joaninha interveio, acrescentando:
— Mamãe tem toda a razão. Tenho visto muita gente adoecer por abuso da
mesa.
— Além disso — acentuou Dona Isabel, confortada —, vocês devem estar
certos de que Jesus abençoa o pão e a água de todas as criaturas que sabem
agradecer as dádivas divinas. É verdade que Isidoro partiu antes de nós, mas
nunca nos faltou o necessário. Temos nossa casinha, nossa união espiritual,
nossos bons amigos. Convençam-se de que o papai está trabalhando ainda
por nós.
Nessa altura da palestra, dada a nossa comoção, Isidoro enxugou os olhos
úmidos.
Noemi, a caçula pequenina, falou em voz infantil:
— É mesmo, é verdade! eu vi papai ajudando a segurar o bolo que Dona
Cora nos trouxe domingo.
— Também vi, Noemi — disse Dona Isabel, de olhos vivamente brilhantes
—, papai continua auxiliando-nos.
E voltando-se para todos, acentuou:
— Quando sabemos amar e esperar, meus filhos, não nos separamos dos
entes queridos que morrem para a vida física. Tenhamos certeza na proteção
de Jesus!...
Marieta, parecendo agora absolutamente tranqüila, assentiu:
— Quando a senhora fala, mamãe, eu sinto que tudo é verdade! Como
Jesus é bom! E se nós não tivéssemos a senhora? Tenho visto os pequenos
mendigos abandonados. Talvez não comam coisa alguma, talvez não tenham
amigos como os nossos! Ah! como devemos ser agradecidos ao Céu!...
A viúva, que se confortava visivelmente, ouvindo aquelas palavras,
exclamou com profunda emoção:
— Muito bem, minha filha! Nunca deveremos reclamar e sim louvar sempre.
E possivelmente não saberia você compreender a situação, se estivéssemos
em mesas lautas.
Observei, porém, que o menino não compartilhava aquele dilúvio de
bênçãos. Entre Dona Isabel e as quatro filhinhas havia permuta constante de
vibrações luminosas, como se estivessem identificadas no mesmo ideal e
unidas numa só posição; mas o rapazote permanecia espiritualmente distante,
fechado num círculo de sombras. De quando em quando, sorria irônico,
insensível à significação do momento. Valendo-se da pausa mais longa, ele
perguntou à genitora, menos respeitosamente:
— Mamãe, que entende a senhora por pobreza?
Dona Isabel respondeu, muito serena:
— Creio, meu filho, que a pobreza é uma das melhores oportunidades de
elevação, ao nosso alcance. Estou convencida de que os homens afortunados
têm uma grande tarefa a cumprir, na Terra, mas admito que os pobres, além da
missão que lhes cabe no mundo, são mais livres e mais felizes. Na pobreza, é
mais fácil encontrar a amizade sincera, a visão da assistência de Deus, oS
tesouros da natureza, a riqueza das alegrias simples e puras. É claro que não
me refiro aos ociosos e ingratos dos caminhos terrenos. Refiro-me aos pobres
que trabalham e guardam a fé. O homem de grandes possibilidades financeiras
muito dificilmente saberá discernir entre a afeição e o interesse mesquinho;
crente de que tudo pode, nem sempre consegue entender a divina proteção;
pelo conforto viciado a que se entrega, as mais das vezes se afasta das
bênçãos da Natureza; e em vista de muito satisfazer aos próprios caprichos,
restringe a capacidade de alegrar-se e confiar no mundo.
Apesar da beleza profunda daquela opinião, o rapazola permaneceu
impassível, respondendo algo contrariado:
— Infelizmente, não posso concordar com a senhora. Até os garotos do
jardim de infância pensam de modo contrário.
Dona Isabel mudou a expressão fisionômica, assumiu a atitude de quem
instrui com a noção de responsabilidade, e acentuou:
— Não estamos aqui num jardim de infância, meu filho. Estamos no jardim
do lar, competindo-nos saber que as flores são sempre belas, mas que a vida
não pode prosseguir sem a bênção dos frutos. Por onde andarmos no mundo,
receberemos muitos alvitres da mentira venenosa. É preciso vigiar o coração,
Joãozinho, valorizando as bênçãos que Jesus nos envia.
O rapazinho, entretanto, demonstrando enorme rebeldia Intima, tornou:
— A senhora não considera razoável alugar este salão a fim de termos
algum dinheiro a mais? Estive conversando, ontem, com o “seu” Maciel,
quando vim da escola. Ele nos pagaria bem, para ter aqui um depósito de
móveis.
Dona Isabel, de ânimo decidido, respondeu com energia, sem irritação:
— Você deve saber, meu filho, que enquanto respeitarmos a memória de
seu pai, este salão será consagrado às nossas atividades evangélicas. Já lhes
contei a história do nosso culto doméstico e não desejo que vocês sejam cegos
às bênçãos do Cristo. Mais tarde, Joãozinho, quando você entrar diretamente
na luta material, se for agradável ao seu temperamento, construa casas para
alugar; mas agora, meu filho, é indispensável que você considere este recanto
como algo de sagrado para sua mamãe.
— E se eu insistir? — perguntou, mal humorado, o pequeno orgulhoso.
A viúva, muito calma, esclareceu firme:
— Se você insistir, será punido, porque eu não sou mãe para criar ilusões
perigosas ao coração dos filhinhos que Deus me confiou. Se muito amo a
vocês, precisarei incliná-los ao caminho reto.
O pequeno quis retrucar, mas a luz emitida pelo tórax de Dona Isabel, ao
que me pareceu, confundiu-lhe o espírito rebelde e vi-o calar-se, a contragosto,
amuado e enraivecido. Admirei, então, profundamente, aquela bondosa mulher,
que se dirigia à filha mais velha como amiga, às filhinhas mais novas como
mãe, e ao filho orgulhoso como instrutora sensata e ponderada.
Aniceto, que também se mostrava satisfeito, disse-nos em tom significativo:
— O Evangelho dá equilíbrio ao coração -
A pequena Neli, amedrontada, pediu, humilde:
— Mamãe, não deixe Joãozinho alugar a sala!
A viúva sorriu, acariciou o rostinho da filha e asseverou:
— Joãozinho não fará isso, saberá compreender a mamãe. Não falemos
mais neste assunto, Neli -
E fixando o relógio, dirigiu-se à primogênita:
— Joaninha, minha filha, ore agradecendo, em nosso nome. Nosso horário
está findo.
A jovem, com expressão nobre e carinhosa, agradeceu ao Senhor,
tocando-nos os corações.


37
No santuário doméstico
Terminado o culto familiar, um dos companheiros também rendeu graças.
— Esperemos que esses celeiros de sentimentos se multipliquem — disse
Aniceto, sensibilizado. O mundo pode fabricar novas indústrias, novos arranhacéus, erguer estátuas e cidades, mas, sem a bênção do lar, nunca haverá
felicidade verdadeira.
— Bem-aventurados os que cultivam a paz doméstica — exclamou uma
senhora simpática, que estivera presente ao nosso lado, durante a reunião.
Dois cooperadores de “Nosso Lar” serviram-nos alimentação leve e
simples, que não me cabe especificar aqui, por falta de termos analógicos.
— Em oficinas como esta — explicou o instrutor amigo —‘ é possível
preservar a pureza de nossas substâncias alimentícias, Os elementos mais
baixos não encontram, neste santuário, o campo imprescindível à proliferação.
Temos bastante luz para neutralizar qualquer manifestação da treva.
E, enquanto a família humana de Isidoro fazia frugal refeição de chá com
torradas, numa saleta próxima, fazíamos nós ligeiro repasto, entremeado de
palestra elevada e proveitosa.
O ambiente continuou animado, em teor de franca alegria.
Depois das vinte e três horas, a viúva recolheu-se com os filhos, em
modesto aposento.
Intraduzível a nossa sensação de paz.
Aniceto, Vicente e eu, em companhia doutros amigos, fomos ao pequeno
jardinzinho que rodeava a habitação.
As flores veludosas rescendiam. A claridade espiritual ambiente, como que
espancava as sombras da noite.
Respirando as brisas cariciosas que sopravam da Guanabara, reparei, pela
primeira vez, no delicado fenômeno, que não havia observado até então. Uma
pequena carinhosa, enquanto a mãezinha palestrava com um amigo,
despreocupadamente, colheu um cravo perfumoso, num grito de alegria. vi a
menina colher a flor, retirá-la da haste, ao mesmo tempo que a parte material
do cravo emurchecia, quase de súbito. A senhora repreendeu-a, com calor:
— Que é isso, Regina? Não temos o direito de perturbar a ordem das
coisas. Não repitas, minha filha! Desgostaste a mamãe!
Aniceto, sorrindo bondoso, explicou discretamente:
— Esta é a nossa Irmã Emilia, servidora em “Nosso Lar”, que vem ao
encontro do esposo ainda encarnado.
— E ele virá até aqui? — interrogou Vicente, curioso.
— Virá pelas portas do sono físico — acrescentou nosso orientador,
sorridente. — Estas ocorrências, no cÍrculo da Crosta, dão-se aos milhares,
todas as noites. Com a maioria de irmãos encarnados, o sono apenas reflete
as perturbações fisiológicas ou sentimentais a que se entregam; entretanto,
existe grande número de pessoas que, com mais ou menos precisão, estão
aptas a desenvolver este intercâmbio espiritual.
Estava surpreendido. Aquele trabalho interessante, a que nos trazia
Aniceto, com tão vasto campo de serviços gerais, fazia-me intensamente feliz.
Em cada canto pressentia atividades novas.
Embora as luzes que nos rodeavam, notei que os céus prometiam
aguaceiros próximos. As brisas leves transformavam-se, repentinamente, em
ventania forte. Não obstante, as sensações de sossego eram agradabilíssimas.
— O vento, na Crosta, é sempre uma bênção celeste — exclamou Aniceto,
sentencioso. — Podemos avaliar-lhe o caráter divino, em virtude da nossa
condição atual. A pressão atmosférica sobre os Espíritos encarnados é,
aproximadamente, de quinze mil quilos.
— Todavia, é interessante notar — aduziu Vicente — que não sentimos
tamanho peso sobre os ombros.
— É a diferença dos veículos de manifestação — esclareceu Aniceto,
atencioso. — Nossos corpos e os de nossos companheiros encarnados
apresentam diversidade essencial. Imaginemos o círculo da Crosta como um
oceano de oxigênio. As criaturas terrestres são elementos pesados que se
movimentam no fundo, enquanto nós somos as gotas de óleo, que podem
voltar à tona, sem maiores dificuldades, pela qualidade do material de que se
constituem.
A essa altura do esclarecimento, notei que formas sombrias, algumas
monstruosas, se arrastavam na rua, à procura de abrigo conveniente. Reparei,
com espanto, que muitas tomavam a nossa direção, para, depois de alguns
passos, recuarem amedrontadas. Provocavam assombro. Muitas, pareciam
verdadeiros animais perambulando na via pública. Confesso que insopitável
receio me invadira o coração.
Calmo, como sempre, Aniceto nos tranqüilizou:
— Não temam — disse. Sempre que ameaça tempestade, os seres
vagabundos da sombra se movinentam procurando asilo. São os ignorantes
que vagueiam nas ruas, escravizados às sensações mais fortes dos sentidos
físicos. Encontram-se ainda colados às expressões mais baixas da experiência
terrestre e os aguaceiros os incomodam tanto quanto ao homem comum,
distante do lar. Buscam, de preferência, as casas de diversão noturna, onde a
ociosidade encontra válvula nas dissipações. Quando isto não se lhes torna
acessível, penetram as residências abertas, considerando que, para eles, a
matéria do plano ainda apresenta a mesma densidade característica.
E, demonstrando interesse em valorizar a lição do minuto, acrescentou:
— Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e
inquietos. Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da prece.
Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se
ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do
coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo,
o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas
também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que
acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que
cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da
sombra experimentam choques de vulto, em contacto com as vibrações
luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância,
procurando outros rumos...
Daí a momentos, penetrávamos, de novo, no salão abençoado da modesta
residência.
Como quem estivesse atravessando um país de surpresas, outro fato me
despertava profunda admiração.
Isidoro e Isabel vieram a nós, de braços entrelaçados, irradiando ventura.
Aquela viúva pobre do bairro humilde vestia-se agora lindamente, não obstante
nos a todos, cumprimentava-nos, amável.
— Meus amigos — disse ela, serena —, meu marido e eu temos uma
excursão instrutiva para esta noite. Deixo-lhes as nossas crianças por algumas
horas e, desde já, lhes agradeço o cuidado e o carinho.
— Vá, minha filha! — respondeu uma senhora idosa — aproveite o repouso
corporal. Deixe os meninos conosco. Vá tranqüila!
O casal afastou-se com a expressão dum sublime noivado.
Nosso orientador inclinou-se para nós e falou:
— Observam vocês como a felicidade divina se manifesta no sono dos
justos? Poucas almas encarnadas conheço com a ventura desta mulher
admirável, que tem sabido aprender a ciência do sacrifício individual.

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